Thammy Miranda sempre sofreu lesbofobia e o porquê isso não deveria ser apagado

Thammy desde novinha foi uma vítima da sociedade misógina: hiperssexualizada, exposta ao fetiche masculino e cercada por uma mídia que objetifica mulheres. Mais tarde, quando assumiu sua lesbianidade, sofreu o duplo massacre: primeiramente por gostar de outras mulheres, consequentemente, não estando disponível para os homens para qual sua imagem foi construída, e também por subverter todos os padrões do ”tornar-se mulher”: através da estética ela disse um NÃO ao padrão social imposto a todas as mulheres. No entanto, uma mulher que se nega a se portar como o patriarcado espera não se torna um homem, porque o gênero feminino não está em oposição ao masculino. Ter cabelos curtos e não usar vestidos não impediu que Thammy continuasse sofrendo misoginia, porque a sociedade ainda assim a via como uma “mulher pervertida”, ”mulher sem vergonha”, ”sapatona”, ”mulher suja”, “maria macho”. Sendo que ela apenas se negou a reproduzir esteticamente os padrões do gênero que lhe foi imposto. Imagina o tanto de misoginia e lesbofobia que essa menina ouviu e internalizou. Até chegar no ponto que pensou: ”nossa, realmente, deve ter algo de errado comigo”. No entanto, errada está essa sociedade heteronormativa que faz com que até homossexuais entrem nessa lógica do macho/fêmea ou /passivo/ativo da relação. Como se os seres humanos fossem polaridades. Tudo bem, vivemos no santuário neoliberal onde o pessoal deixou de ser político e a individualidade é sagrada, e realmente eu não tenho nada a ver com a vida da Thammy e que o que importa é ela estar feliz (feminismo deboísta, não?), mas não problematizar isso é um erro tão grande, porque não questiona o status quo da nossa sociedade que mobiliza uma pessoa a acreditar que ”nasceu em corpo errado”, quando na verdade não existe corpo certo e errado, mas sim um discurso social opressor.

por Débora Ramos

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